Bruxas de Salém

Bruxas de Salém      O episódio de perseguição às “bruxas” do vilarejo de Salém - colocamos entre parênteses porque não havia de fato um culto de bruxaria na região - foi um capítulo lamentável da história da colonização norte-americana. Estes fatos, ocorridos em 1692 devem nos levar a refletir sobre o resultado catastrófico a que levam a intolerância e qualquer tipo de sectarismo religioso, isto é, quando alguém acredita que a sua religião é a única verdadeira e as demais devem ser condenadas. No caso de Salém, seus habitantes pagaram pela intolerância com suas reputações, riquezas e até mesmo com a própria vida, por causa de acusações feitas levianamente.

      A cidade de Salém foi fundada em 1624, na província de Massachutess, Nova Inglaterra, hoje estado de Massachutess, EUA. Era administrada pelos ministros da religião puritana, uma seita do Protestantismo, que tinha seus praticantes perseguidos na Inglaterra. Por isto, muitos puritanos emigraram para os EUA, na época, colônia da Inglaterra, a fim de praticar livremente seus preceitos religiosos.

Bruxas de Salém      Sua moral era extremamente rígida, baseada no Velho Testamento, e seus governantes (os tais ministros) se consideravam escolhidos por Deus, tendo o Paraíso à sua espera. Para os demais membros da comunidade, as coisas eram mais difíceis, pois a preservação da moral e dos bons costumes estava permanentemente ameaçada pelo diabo e suas tentações. Trabalhavam duro, não sendo permitidos passatempos como a dança, por exemplo.

      Foi neste contexto que um grupo de meninas de nove a vinte anos, em especial Betty Paris, filha adolescente do reverendo Parris, pastor da comunidade, começaram a ter pesadelos e alucinações, acusando pessoas da comunidade de terem pacto com o demônio.

      Acredita-se que tudo começou por que uma escrava do reverendo, trazida de Barbados, de nome Tituba, contava para as meninas estórias de sua terra natal, aonde se cultuava o vodu. Como não tinham nenhum lazer, se reuniam à noite para ouvir as estórias da escrava. Certa vez, Tituba as levou para a floresta, e dançou com elas como dançavam os negros de Barbados. Possivelmente levadas por um sentimento de culpa por esta transgressão (o fato de terem dançado) entraram em um estado de histeria, tendo crises de choro, alucinações, convulsões e a acusar as pessoas da comunidade de terem parte com o demônio. Era comum ficarem olhando, por alguns minutos no vazio, tendo visões de um homem negro e alto que as raptava e obrigava a assinar um livro de capa preta, que as tornava suas adoradoras, tendo que lhe beijar os pés e as mãos.

      Tituba, a primeira a ser acusada de bruxaria, curiosamente se livrou da morte confessando seu “crime” e se declarando arrependida, dizendo ser usada pelo diabo contra sua vontade. Outras pessoas não tiveram a mesma sorte, pois aos serem acusadas, se diziam inocentes o que levou muitas à morte por tortura a fim de que confessassem suas faltas. Este foi o caso de outras duas acusadas, Bridget Bishop e Sarah Good, mendigas da vila e Sarah Osborne que, por não freqüentar a igreja, era considerada uma pessoa de má conduta.

Bruxas de Salém      Logo, foi instaurado um tribunal na cidade e as acusações se espelharam como uma febre: os ressentimentos, invejas e mesquinharias vieram à tona; pessoas acusavam outras, por simples inveja, ou por quererem tomar as terras de seu vizinho. Houve um momento em que haviam 150 pessoas presas, enquanto outras eram torturadas a fim de “confessarem”. Rebeca Nursey de 72 anos, mãe de 11 filhos e 26 netos, caridosa e religiosa foi enforcada porque o tribunal apresentou “provas concretas” contra ela.

      Doze pessoas foram executadas na forca, outras tantas torturadas até a morte. Até mesmo dois cachorros foram enforcados! O terror só cessou quando a esposa do governador de Massachutess foi acusada de bruxaria, por ser amiga da senhora Carey, que, rica e influente, subornou os guardas para que a libertassem. Então, o governador extinguiu o tribunal, as excomunhões foram suspensas, à reputação dos acusados restaurada e suas famílias restauradas.

      Hoje Salém tem um museu que conta todo o ocorrido e uma comunidade de bruxos ? estes, realmente pagãos adeptos da Bruxaria mas que não fazem nenhum culto satânico. Depois disto, ninguém mais nos Estado Unidos foi condenado por prática de bruxaria.

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