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Heresias Medievais

      Quando éramos crianças, há algum tempo atrás se aprendia nas aulas de História que a Idade Média era a Idade das Trevas, em que o desenvolvimento social, cultural e de organização social da Europa simplesmente “congelou-se no tempo”. Nada mais errôneo que esta concepção. A Idade Média foi um período rico e criativo de várias maneiras, tanto do ponto de vista cultural, artístico, filosófico como do espiritual.

      Por volta dos séculos XII e XIII, começaram a surgir movimentos religiosos que pregavam um modo de vida mais simples, austero, mais próximo do que seria o Cristianismo Primitivo. Segundo as pessoas que o praticavam, não havia necessidade de padres bispos ou mesmo o Papa a intermediar a ligação entre Deus e o homem.

      Os Cátaros, que também ficaram conhecidos como “Os Perfeitos” acreditavam na reencarnação Deus era ao mesmo tempo masculino e feminino, portanto seus sacerdotes podiam ser tanto homens quanto mulheres. Tinham seus próprios padres e bispos, que nem por isto eram considerado melhores ou superiores a seus fiéis.

      Para eles a fé deveria ser experimentada como uma experiência mística e pessoal, sem intermediários. Acreditavam também que as boas obras eram fundamentais para a salvação, por isto sua ação social na área de saúde e educação era bastante conhecida e respeitada na região do Languedoc, na França aonde surgiram e se multiplicaram.Ficaram também conhecidos como Albigenses, pois na cidade de Albi viviam em maior número. Eram geralmente de índole pacífica e tolerante mesmo com os judeus, bastante perseguidos na época. Eram bastante pacíficos e respeitados pela população em geral. Diz-se que tinham boas relações com os Templários e como eles mais tarde foram massacrados.

      A visão de mundo de boa parte das seitas heréticas sofria influência do Gnosticismo, o antigo misticismo cristão, o que fazia com que com que tivessem uma elaborada forma de interpretar questões como a criação do mundo, o Apocalipse e o Juízo Final. Os Cátaros, por exemplo, acreditavam que o Universo vivia em eterno conflito de duas forças opostas; o princípio do Bem, representado pelo espírito, e o do Mal, representado pelo mundo material. Era de certa forma a retomada da antiga doutrina persa do Maniqueísmo.

      Já os Valdenses, cujo nome deriva de seu fundador, Pedro Valdo, um homem rico que distribuiu seus bens aos pobres e saiu em pregação. Sua doutrina, basicamente se revoltava contra a imoralidade do clero. Confessavam seus pecados uns aos outros o que vinha de encontro com a idéia de que só um sacerdote pode perdoar os pecados.

      Os Lolardos participavam de um movimento inspirado nos ensinamentos de John Wyclif, que ao lado de Jonh Huss é considerado um dos precursores de Lutero, pois condenava a riqueza o luxo em que viviam os padres; acreditava que estes deveriam ser proibidos de ter qualquer propriedade.

      Todos estes movimentos e mais alguns outros que ocorreram nesta época desagradaram profundamente a Igreja Católica, que se viu ameaçada em seu poder. Promoveu a Cruzada dos Albigenses, outro nome com que ficaram conhecidos os Cátaros, em que cerca de 40 mil pessoas foram mortas entre homens, mulheres e crianças. Mesmo assim, as heresias realmente só foram extintas com a criação do Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição.