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Os Sete Pecados Capitais: a Inveja

       Provavelmente, desde que existe a Humanidade, todos somos vítimas da inveja alheia ou acometidos por inveja de outra pessoa. Este sentimento, cuja característica é a de desejar com intensidade algo que não nos pertence, é tão nocivo que já foi citado por São Tomás de Aquino na sua lista dos pecados capitais. Pecado Capital é considerado aquele que “encabeça” outros pecados menores ou seus filhos. Segundo São Tomás, as filhas da inveja são a fofoca, a maledicência, o ódio, a felicidade pela desgraça alheia, a tristeza pelo sucesso alheio.

       O grande problema do invejoso é que ele se acredita incapaz de alcançar a satisfação ou felicidade que ele vê na outra pessoa, por isso, passa a criticar o objetivo da sua inveja a fim de poder suportar tal sentimento de incapacidade.

       Existe também o que se poderia chamar de inveja “positiva” pois faz com que, ao observarmos o sucesso de alguém, nos esforcemos para agir de forma semelhante, seguindo um bom exemplo. Esta inveja pode ser considerada positiva porque têm mais de admiração do que de sentimentos negativos.

Inveja ao longo da história

       Considerando personagens históricos e mitológicos, vamos encontrar o primeiro invejoso da história já na criação do mundo: Caim, que matou seu irmão Abel porque este conseguiu agradar a Deus mais do que ele; portanto, é considerado o primeiro invejoso do mundo. Ainda no Velho Testamento, temos os irmãos de José que o venderam como escravo por ser, entre todos, o favorito de seu pai. Azar o dele, penou um bocado por causa disto. Aliás, inveja entre irmãos é um tema recorrente na mitologia. As irmãs de Cinderela que o digam.

       Na música, o caso do compositor Salieri, que perseguiu e atormentou a vida de Mozart, virou até filme (Amadeus, de Milos Forman). Mesmo assim, Salieri ficou mais famoso como invejoso do que como músico. E o que o Mozart fez para merecer um urubu destes na sua cola? Além de lhe roubar a noiva, foi um dos maiores gênios da música de todos os tempos e seu inimigo sabia que jamais chegaria aos pés dele, apesar de ser um compositor bastante competente. Resultado: perseguiu seu rival com intrigas até que este morresse pobre e doente.

       Michelangelo, o genial pintor, também foi vítima de invejosos que o perseguiram, dificultando sua vida profissional. Segundo cronista da época, contribuiu para agravar este problema o fato de que ele tinha o hábito de ridicularizar as obras de outros artistas, o que lhe valeu, em certa ocasião, um soco no nariz.

       Parece que Willian Shakespeare, um dos maiores gênios do teatro de todos os tempos, foi também vítima da inveja dos seus contemporâneos, passando por algumas dificuldades financeiras devido a intrigas alheias. Sendo filho de um fabricante de luvas do interior da Inglaterra, alguns duvidavam que fosse capaz de escrever tão magníficas peças de teatro. Pode ter sido daí que derivou a teoria de que seria outro o autor das peças atribuídas a ele.

       Por isso, devemos nos acautelar contra este sentimento tão pouco nobre, do qual podemos ser tanto vítimas quanto causadoras.

Myikhaella